O
bullying financeiro
Vejo
hoje como notícia um alerta do eurodeputado do Syriza
Dimitris Papadimoulis de que “os
referendos prometidos por David Cameron e Marine Le Pen representam um risco
maior para a Europa do que a saída da Grécia do euro.”
Diz Dimitris Papadimoulis que “a Europa devia parar de agitar o fantasma do ‘Grexit’ e começar a pensar
no ‘Brexit’ e do ‘Frexit’”, numa lusão aos referendos em Inglaterra e França,
visando a saída do euro, se estes se vierem a verificar e sobretudo a concretizar,
caso o “sim” vingue.
Quando a União Europeia ainda era um espermatozoide político, a
navegar no útero europeu, a ideia dos pais (da CEE) era estabelecer um MERCADO
ÚNICO EUROPEU, tendo-se começado pelo Tratado de Roma, “evoluindo” depois para
o Tratado de Maastricht, onde a CEE passou a ser a UNIÃO Europeia.
A idéia era
criar um mercado único, com vistas à circulação de “capital, trabalho, bens e serviços” entre os membros da união.
Mas esse mercado único nunca teve os genes todos, uma vez que, até
hoje, questões salariais foram e têm sido expressamente excluídas da legislação
europeia.
Se o capital, sobretudo o grande, flui com facilidade, o trabalho e
os serviços são vítima de legislação apertada visando combater o “dumping
social”, ou seja, impedindo países como Portugal de disputar trabalho em países
como a França ou a Alemanha.
Veja-se aliás a arrogância com o que o BCE veio dizer que queria
ter uma palavra a propósito da indemnização aos lesados do BES. Salvar bancos,
sim, Salvar pessoas não, que estamos em crise e deviam ter pensado melhor
antes.
A União Económica apenas se poderia atingir baixando o nível dos
poderosos, ou subindo o nível dos fracos, o que não é possível porque os fortes
perderiam protagonismo e controlo.
Veja-se aliás, e num exemplo muito recente, como a Islândia, face
ao controlo que lhe queriam impor, por exemplo em termos de cotas de pesca, disse
a essa União abortada que assim obrigado, mas não obrigado, renunciando à
adesão, e mantendo a sua autodeterminação e controlo sobre o seu destino.
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Mas a Islândia fê-lo porque pode.
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Se a França quiser sair, sai, porque pode.
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Se a Inglaterra quiser sair, sai, não pergunta nada a ninguém e ainda
sobe as portagens no túnel, isolando o continente.
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Se Portugal quiser sair…
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Se a Grécia quiser sair, abre a porta à Rússia, o que seria um
verdadeiro problema para a NATO, tendo em conta a proximidade, por exemplo, da
Turquia, e os excelentes termos de amizade e entendimento que sempre existiram
entre ambos.
Aliás, basta ver o orçamento da EU de 2011, onde:
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França contribuiu com 16%
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Alemanha contribuiu com 20%
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Reino Unido contribuiu com 14%
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Portugal contribuiu com 1%
Recentemente, foi Pires de Lima quem se referiu à greve de pilotos
da TAP como sendo, basicamente, uma situação em que uma minoria dita a sua
vontade sobre uma maioria.
O que se tem aqui não é diferente, é uma minoria que força as suas
ideias sobre os restantes.
Assim como uma espécie de bullying financeiro…
É sempre mais fácil bater em quem não se defende do que em quem
bate de volta.
O problema é quando se perde o medo, e se bate de volta…
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